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Relação humanizada pode evitar excesso de exames
Os avanços tecnológicos e científicos vêm trazendo contribuições importantes em várias áreas da Medicina, com novas descobertas, procedimentos, medicamentos, instrumentos, exames e análises, que permitem diagnósticos e tratamentos mais precisos e eficazes. É a Medicina baseada em evidências. Por outro lado, isso também tem contribuído para o surgimento de dois fenômenos negativos: o overdiagnosis e o overtreatment.
Overdiagnosis ocorre quando há realização excessiva de exames ou quando o médico solicita procedimentos diagnósticos desnecessários, com maior potencial de causar danos do que benefícios, sem levar em consideração o quadro clínico do paciente e os fatores de risco. Muitas vezes, os exames são tão precisos e apresentam limites de referência tão reduzidos que passamos a considerar um problema aquilo que antes era considerado normal. Como diz o ditado popular: “Quem procura, acha”.
Isso leva ao overtreatment: adoção de terapias e intervenções desnecessárias e a medicalização da população. O médico acaba tratando todo mundo, operando todos os casos ao menor sinal de anormalidade, sem levar em consideração os benefícios efetivos e os efeitos colaterais da conduta terapêutica, no âmbito individual.
Como evitar que isso aconteça?
A exatidão prometida pelas máquinas e pelos números não pode substituir a relação humanizada e subjetiva entre o médico e o paciente. Muitas vezes pressionados pela falta de tempo, há aqueles nem ao menos examinam a pessoa, apenas pedem exames.
De fato, é preciso tempo para conhecer o paciente e fazer uma avaliação completa: exame clínico e anamnese, conversar com empatia, acolher suas queixas, entender seu contexto de vida e seu histórico de saúde e responder às suas dúvidas.
Essa relação humanizada faz com que o outro saia do consultório aliviado, com a perspectiva de ter seu problema de saúde resolvido, e permite uma prática médica em que os procedimentos diagnósticos e tratamentos sejam indicados a quem realmente precisa, no momento correto e com criterioso embasamento científico.
A Medicina é humana em sua essência, é feita de humanos para humanos. Os avanços tecnológicos devem contribuir para a saúde do paciente e não se tornar mais importantes que o indivíduo que está sendo tratado.